Puberdade e Adolescência

 

Vamos conversar neste tópico sobre a puberdade e a adolescência que é uma fase de descobertas, transformações e contradições.

Mas, a adolescência não é marcada apenas por dificuldades, crises, mal-estares, angústias. Ao se abandonar a atitude infantil e ingressar no mundo adulto, há uma série de acréscimos no rendimento psíquico. O intelecto, por exemplo, apresenta maior eficácia, rapidez e elaborações mais complexas, a atenção pode se apresentar com aumento da concentração e melhor seleção de informações, a memória adquire melhor capacidade de retenção e evocação, a linguagem torna-se mais completa e complexa com aumento do vocabulário e da expressão.

Abordaremos assuntos importantes sobre o tema com o objetivo de auxiliar os pais para que esse momento tão importante na vida dos filhos seja vivido da forma  mais saudável possível.

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Aspectos físicos da Puberdade

 

Puberdade da menina:

A puberdade feminina se inicia, em geral, entre 11 e 14 anos, variando esse período de pessoa para pessoa. Em geral, a puberdade tem inicio com a primeira menstruação (menarca), que coincide com o surgimento de uma série de transformações do corpo que já se vinham manifestando na fase conhecida como pré-puberal.

Geralmente a partir dos dez anos a menina cresce vários centímetros em pouco tempo, sua cintura se afina, os quadris se alargam, os seios começam a avolumar-se e surge uma leve pilosidade no púbis e nas axilas.

Paralelamente, as glândulas sudoríparas se desenvolvem, tornando o odor do corpo mais intenso e provocando maior sudorese nas axilas. Essas mudanças, causam uma certa sensação de insegurança e inquietação na menina, culminam com a primeira menstruação. Durante os dois anos seguintes à primeira menstruação os ciclos podem ser ainda irregulares, mais longos ou mais breves.

As transformações que se verificam no período pré-púbere são resultados da atividade dos ovários, sobre a qual atua a hipófise. Ao nascer, a menina tem no ovário entre duzentos mil e quatrocentos mil óvulos, dos quais apenas cerca de quatrocentos serão utilizados ao longo de todo período fértil (até os 50-55 anos).

 

Puberdade do menino:

No menino, as transformações começam um pouco mais tarde, por volta de 13 anos e são muito mais demoradas que nas meninas. Os primeiros sinais dessa transformação são, basicamente, o aumento no tamanho dos órgãos genitais, o nascimento da barba e o aparecimento de pelos na região pubiana, nas pernas, nos braços e no peito.

Esse crescimento dos pêlos depende da genética e varia muito de pessoa para pessoa. Além disso, essas mudanças são acompanhadas de modificação da voz, a qual fica mais grave. O esqueleto se alonga, os músculos se enrijecem, o tronco e os ombros alargam e a pele se torna muito mais gordurosa, o que favorece o aparecimento da acne. É nessa época que os meninos já podem ter sua primeira ejaculação.


Emocionalmente....

Tanto no menino quanto na menina, a puberdade não proporciona apenas mudanças físicas mas, sobretudo, psicologicamente. As alterações hormonais despertam a sensibilidade sexual e, conseqüentemente, é neste período que muitos adolescentes começam esporadicamente a ter relações sexuais.

Essas alterações hormonais e as eventuais incapacidades ou relutâncias em adaptar-se às alterações físicas contribuem também para alguns estados de depressão, característicos dos adolescentes. Alternadamente, se observam períodos de intensa energia física, entusiasmo e inquietação sem limites.
Também pode se observar, em alguns casos, uma reação de rebeldia, de oposição e irritabilidade. Apesar da maioria dos adolescentes ser dependente economicamente dos pais, normalmente eles sentem grande desejo de exprimir a sua própria personalidade, formar o seu caráter definitivo.

Nessa fase os adolescentes costumam ansiar entusiasticamente por sensações novas, chegando a fumar, tomar bebidas alcoólicas ou usar drogas, tudo isso como forma de auto-afirmar uma certa independência.

Portanto, a puberdade é marcada por significativas mudanças biológicas e psicossociais. É neste momento que ocorre, simultaneamente, maior separação do filho em relação aos pais e maior busca de novos laços afetivos extra-lar.

No período da adolescência-puberdade, as pessoas enfrentam exigências sociais novas e, às vezes, drásticas. Fazer tudo que fazem os adultos não pode, nem pode fazer coisas de crianças, pois o adolescente não é um nem outro. Entre meninos e meninas da mesma idade surgem abismos intransponíveis, pois os ritmos de amadurecimento para os meninos e para as meninas são diferentes. Isso também pode gerar conseqüências psicossociais importantes.  

A revolução bio-psíquica da adolescência pode proporcionar também, um prejuízo em relação ao desempenho escolar. Enquanto no início do ensino fundamental as notas estejam altamente relacionadas à inteligência, na sexta e na sétima séries, a motivação parece ser o fator mais importante. Na fase inicial da adolescência, o sujeito utiliza a lógica, o raciocínio e o pensamento abstrato, mas não de maneira tão intensa devido à carência de motivação.

 

A Construção da Identidade ...

Há um processo contínuo de desenvolvimento da mente durante as várias fases da vida da criança e do adolescente. A adolescência vai se caracterizar pelo afastamento da familía e conseqüente a entrada no mundo adulto. Nessa fase, a pessoa se deixa influenciar pelo ambiente de maneira muito mais abrangente que antes, onde seu universo era a própria família.

À medida que os vínculos sociais vão se estabelecendo, um conjunto de características vai sendo valorizado, desde características necessárias para ser aceito pelo grupo, até características necessárias para expressar um estilo que agrada a si próprio e ao outro. Este conjunto de características são fundamentais para o desempenho do(s) papel(éis) social(ais).

Alguns conflitos importantes podem aparecer durante a construção da identidade do adolescente. O rumo que ele dá para sua vida acaba tendo influências da sociedade, a qual cobra de cada pessoa um papel social, preferentemente definido e o mais definitivo possível. Numa fase onde a identidade do adolescente ainda não se completou fica difícil falar em papel social definitivo.

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Guia para perceber um pré-adolescente

 

Chateiam-se com facilidade, sobretudo, quando não dão a eles autorização para fazerem alguma coisa para a qual acham que já estão preparados (como saírem sozinhos com os amigos), e têm reações como fecharem-se no quarto, gritar ou chorar.

Desta forma, é uma época de grandes pressões e frustrações. A ansiedade dos exames ou da vida social faz com que os seus filhos tenham medo.

Esta é, acima de tudo, uma etapa de rebeldia em relação aos pais e à autoridade. Na pré-adolescência querem e não querem ser independentes. Querem liberdade, querem decidir por eles mesmos, terem as suas próprias opiniões, contudo, por vezes sentem-se perdidos no mundo e necessitam de conselhos e carinhos por parte dos pais.

Têm necessidade de valorizarem-se, de afirmarem-se e de se sentirem aceitos e reconhecidos pelas pessoas que se encontram ao seu redor.

Exigem uma vida privada, tanto física como sentimental. Dependendo da personalidade de cada um, são abertos ou extremamente recatados. Muitos dos sentimentos estão relacionados com o amor e com o sexo. Por isto mesmo é que é tão fácil ouvir uma criança falar destes temas com os amigos, no entanto, não quer dizer que o façam com os seus pais. Por isso, a comunicação fluida entre os pais e os filhos pré-adolescentes é fundamental para se evitar males posteriores.

Nesta fase o seu filho vai começar a querer sair com os amigos, a pensar no sexo oposto de outra maneira, a ter os primeiros contatos com o cigarro e o álcool. Estudos recentes mostram que uma grande quantidade de crianças fuma o seu primeiro cigarro ou provam álcool com os seus amigos por volta dos 12 anos.

Proibí-los de sair ou estar com os seus amigos, não é solução. Deve falar muito com ele e ensinar-lhe os riscos e os perigos do álcool, das drogas, do sexo desprotegido, etc.

Todas as alterações emocionais e sociais fazem com que esta época esteja cheia de perigos para o seu filho: sexo prematuro e inseguro, drogas, álcool, bullying, etc. Certamente que os riscos que os nossos filhos enfrentam hoje são maiores que os riscos que a gerações anteriores enfrentaram. No entanto, não se preocupe. Esta é uma etapa pela qual todos devemos passar e com o apoio e o carinho dos pais.

 

Lembre-se que todos nós já fomos adolescentes um dia e passamos pelas mesmas coisas que nossos filhos

Seguem algumas dicas:

  1. Aproveite os momentos quotidianos, como o jantar, para falar com cada membro da família e perguntar como foi o dia de cada um.
  2. Embora lhe pareça que o seu filho já é maior, deve continuar a mostrar-lhe todo o seu carinho: abrace-o, beije-o, sorria para ele, etc. Não o faça em frente dos amigos, de certeza que o seu filho não vai gostar.
  3. Trate o seu filho com respeito e oiça as suas ideias e opiniões. Não deve deixar que o seu filho faça tudo aquilo que lhe apetece, mas deve ouvi-lo sempre.
  4. Ofereça-lhe segurança através de uma rotina, normas, expectativas, etc.
  5. O seu filho deve ter os limites claros. Se ele não obedecer deve fazer-lhe ver que agiu mal e, se necessário, castigue-o.
  6. Tanto você como o seu filho devem aceitar o fracasso como parte natural da exploração e da aprendizagem.
  7. Dê responsabilidades adequadas à idade e maturidade do seu filho.
  8. Seja um bom exemplo, tanto na forma de comportar-se com os outros como na forma de comer, na linguagem, nas maneiras, etc.,
  9. Tenha paciência e calma. Gritar e desesperar não vai dar em nada.
  10. Manifeste as suas emoções e sentimentos para que o seu filho se habitue a fazer o mesmo.
  11. Faça ver ao seu filho que está sempre presente para ajudá-lo. A confiança e a comunicação são as chaves para o entendimento. Por muito mal que o seu filho se tenha comportado, deve estar sempre ao seu lado. O que não significa que não deva castigá-lo.
  12. Conte algumas das suas experiências da adolescência ao seu filho.
  13. Deve sempre tentar perceber como é que vai a escola do seu filho, se precisa de alguma ajuda, etc.

Fale abertamente de temas importantes com o seu filho: sexo, álcool, drogas, relações. Seja honesta e natural quando falar com ele.

 

Como falar de sexo com adolescentes

O mito do sexo na adolescência

“Na adolescência não se deve fazer sexo, muito menos, as meninas”. Este é um mito que caiu e, muitos pais ainda não se deram conta. A pesquisa UNESCO em 2004 já identificava a média da idade da primeira relação sexual dos meninos por volta dos 14 anos e das meninas entre 15 e 16 anos.

O sexo é uma função natural do ser humano que desperta na adolescência. Nesta fase, o corpo já consegue reagir aos estímulos sexuais, se excitar e provocar o desejo de ir mais adiante – transar. No momento, a realização do sexo é extremamente prazerosa e gratificante, independente do fato de ter sido realizado com ou sem segurança. Isto só começa a preocupar depois do fato consumado e passada a euforia da excitação. É muito difícil para o ser humano conseguir se negar a fazer sexo quando há estímulo e oportunidade de se seguir adiante.

Mas, nossos adolescentes não são, apenas, um corpo! O adolescente é uma pessoa que tem uma determinada vivência, valores, crenças, e expectativas. Por outro lado, o sexo não é só prazer: é entrega e responsabilidade com a prevenção de gravidez e DST/Aids.

A solidão dos filhos

A maioria dos nossos filhos está só no quesito sexo. Todas as pesquisas sobre comportamento sexual dos jovens que tenho acesso mostram os pais como uma das últimas opções na busca de informações sobre sexo, e em contra partida, os sites eróticos e os que abordam a sexualidade, são cada vez mais procurados pelos jovens. A falta de diálogo com os pais é um ponto forte na vulnerabilidade dos adolescentes à gravidez na adolescência! Os estudos mostram que as meninas que conversam com seus pais sobre sexo, engravidam menos na adolescência do que aquelas que não têm esta mesma oportunidade.

Muitas meninas desejam ir ao ginecologista, mas tem medo de pedir aos pais para fazer esta consulta. Assim, resolvem sem conversar com familiares ou consultar um médico, a contracepção ou a “não” contracepção que lhe convier, segundo a sua própria avaliação – alguém que está no início de sua estrada de vida e que pouco pode enxergar das consequências de se ter um filho na adolescência.

Fique mais perto de seu filho

A adolescência apronta armadilhas difíceis de serem vencidas pelos jovens. Vários fatores contribuem para isto, mas, principalmente, em relação à gravidez, é muito importante que os adultos de sua confiança encarem a realidade atual da sexualidade na adolescência e promovam o diálogo como alguém que sabe ouvi-lo de verdade e respeite seus valores e atitudes. Seguem algumas dicas para os pais que queiram experimentar criar uma maior intimidade:

• Comente ou leia uma matéria sobre gravidez na adolescência com seu filho ou sua filha e pergunte se isto acontece entre os amigos deles;

• OUÇA a opinião deles;

• Conte para eles o que significava na sua época de adolescente, uma garota ficar grávida e o que acontecia com o casal adolescente;

• FALE a sua opinião, justificando o seu ponto de vista e ao mesmo tempo preenchendo lacunas do pensamento deles;

• Leve sua filha ao ginecologista e apóie o uso do método contraceptivo indicado;

• Estimule seu filho a usar a camisinha, pois, esta é a única forma dele ter o controle sobre sua paternidade;

• Fale dos seus sonhos profissionais em relação a eles, mostrando sua expectativa. Mas também ouça e respeite o sonho deles, ajudando-os a enxergar as vantagens e desvantagens que ainda não consigam ver.

• Descubra e realize alguma coisa que você e seu filho(a) gostam de fazer juntos;

• Conheça os amigos, ficantes e namorados e, os deixe lhe conhecer também.

• Promova as informações sobre sexualidade e contracepção que os jovens precisam saber. Se não souber como conversar, indique a leitura de artigos.

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