Evolução do pensamento infantil

Este espaço destina-se a explicar como funciona a evolução e o desenvolvimento do pensamento da criança em diversas faixas etárias. Entendendo esse processo fica mais fácil  saber o que podemos ou não esperar e "cobrar" dela naquele momento.

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A mente entre 2 e 4 anos

Essa é uma passagem importante, pois na idade de 2 anos a criança desconecta o EU do OUTRO. Antes dos  2 anos ela não tem noção exata de quem ela é. Por isso, se olha no espelho e não se identifica na própria imagem. Não sabe que é a ela mesma que está vendo. Aos 2 anos essa diferenciação já acontece e ela consegue “controlar” a imagem no espelho.

Nesta fase a criança possui apenas o raciocínio concreto.

O abstrato ainda não está formado. Exatamente por isso  que os pais devem prestar atenção na linguagem que usam. Se você diz “Preciso voar daqui, agora!” ela entende literalmente o que você diz. Ou, “Você parece uma bola de tão gordinho” faz a criança se imaginar como uma bola. Mas, por que isso é tão importante? Porque, é nesse período que as imagens ficam impressas em nossa mente. Elas podem interferir em nossa imaginação e nos acompanham por muito tempo.

É a fase em que o conhecimento das palavras aumenta e o aprendizado dos nomes do corpo também.

Como é uma fase onde a criança já começa a perceber o OUTRO, ela já diferencia a expressão de raiva ou de contentamento nos pais. Por isso, não se deve permitir que a criança permaneça no quarto dos pais e presencie a relação sexual, principalmente porque é vista como uma agressão, e não como um ato amoroso. Geralmente, é percebido como uma atitude de agressão do pai em relação à mãe.

Como não há pensamento lógico nessa fase, é comum no supermercado a criança segurar um pacote de balas, por exemplo, e não querer largá-lo na saída, no caixa. A mão se desespera, neste momento, interpretando tal atitude como rebeldia. Mas para a criança não existe a conclusão de que, poderá receber depois o pacote de balas. É necessário explicar e levá-la a observar o processo do caixa, para que ela entenda. Pois ela percebe somente o que vê.

Para entender como o OUTRO se comporta a criança faz a brincadeira de vestir a roupa da mãe, usar seus sapatos, pois assim vestida como a mãe, ela é a mãe. Então, poderá entender como a mãe se comporta. As brincadeiras de pai, mãe, médico, etc… acontecem de maneiras repetidas. Quanto mais ela repetir e fizer esse exercício, mais ela aprenderá o comportamento do OUTRO.

É a fase também do Comportamento Aprendido. Se ela machucou a mão e recebeu um carinho, uma atenção maior, ela irá repetir tal fato. Dirá que está com a mão machucada, para novamente receber a mesma atenção. Muitos pais repreendem os filhos neste momento imaginando se tratar de uma mentira. Não há nesta fase a consciência do saber enganar o outro. Da mesma maneira que, quando você a proíbe de comer algo e se ausenta ela come e como não conclui, não entende como a sua mãe sabe que foi ela que comeu.

É uma fase de grande imaginação criativa.

Quando fala sobre monstros, ou conta estórias fantasiosas em excesso não está mentindo e sim imaginando. Como os meninos têm mais atividade cerebral do lado direito, preferem os carrinhos, pois lidam melhor com espaço e movimento. Já as meninas, têm os dois lados em atividade e lidam melhor com emoções e linguagem. Enquanto as meninas falam mais, mesmo sozinhas os meninos já começam a preferir jogos com maior contato físico.

Nessa idade, NÃO existe socialização. Ela começa a ser formada a partir de 2 anos e se estabelecendo por volta dos 3 anos. Exatamente, por isso, que o ideal é que a criança inicie a escola somente por volta dos 3 anos (sem prejuízo algum de aprendizado) e assim mesmo por meio período. Nesse período, é importante que a criança fique com a mãe para que tenha um desenvolvimento emocional saudável e equilibrado. Caso a criança inicie a escola é importantíssimo que a mãe faça esse processo de adaptação.

São diferenças e características fundamentais que ajudam aos pais a terem maior exatidão na conduta com os próprios filhos.

Por volta dos dois anos de idade, a criança adquire a capacidade de utilização de símbolos que permite, por exemplo, a resolução de problemas em ausência concreta dele, ou seja, a criança começa a desenvolver mentalmente os passos necessários para a solução da questão proposta.

Paralelamente, desenvolvem-se também os processos de memória, que nessa fase não mais necessitam de estímulos externos e podem ser acessados voluntariamente pela criança, de pensamento e de linguagem oral, inserindo-a de forma mais adequada no contexto social que lhe rodeia.

Nesta fase, a criança inicia a construção de sua identidade sexual bem como do papel sexual a ela implícita, de padrões morais copiados do próprio adulto. Adquire também a capacidade de organizar jogos simbólicos que lhe permitem brincar com outras pessoas e de começar a representar graficamente seu próprio mundo a partir daquilo que sabe sobre ele.

A mente entre 4 e 6 anos

Nessa idade, o começo de uma socialização se inicia e os grupos começam a se formar. Grupo de meninos e grupo de meninas. É fácil de se entender o motivo de tal separação, mas quando voltamos às características da fase de 2 a 4 anos, entendemos melhor o porquê.

Como é comum a brincadeira de colocar roupas dos pais para tentarem entender como esses pais se comportam, (e assim fazer a distinção entre o EU e o OUTRO) o menino imagina que caso comece a brincar com os brinquedos de menina ele poderá se tornar uma delas e vice-versa.

É comum vermos então meninos na idade de 6 anos, “desprezando” as meninas e seus brinquedos.

Inútil será nessa fase, a tentativa dos pais de tentarem aproximar os dois grupos.

Como é uma fase dos “Por quês?” é natural que já perguntem “Por onde sai o bebê?”

O importante aqui é satisfazer cada curiosidade da criança respondendo APENAS ao que ela pergunta. Geralmente nessa hora, alguns pais já se adiantam e imaginam que precisem discorrer sobre toda a concepção, etc… Isso não é necessário. Se ela ouvir uma explicação resumida como: “Tem um buraquinho em baixo e o bebê sai por ali.” e isso não a satisfizer ela perguntará mais. E a cada pergunta, uma única resposta.

A curiosidade sobre “como entram os bebês” ou “como se fazem os bebês” só virá mais tarde, variando de criança para criança.

Uma ótima oportunidade de valorizar seu filho nessa época, é jogar o Jogo da Memória com ele. Enquanto o adulto tem uma visão mais geral, eles têm a memória de curto prazo e facilmente ganharão.

Muitas mães reclamam de dão ordens às crianças e passam o dia todo gritando. Mas desconhecem que nessa fase, a variedade de informação é tão grande, e acontece com tanta rapidez, que eles absorvem uma profusão enorme dessas informações, juntamente com as ordens e gritos da mãe. Nesse momento, o mais prático é entrar no campo de visão da criança, segurar sua cabecinha, fazer com que ela olhe para você e lhe dizer o que quer que ela faça.

Inútil, também, querer que ela acompanhe a noção de tempo. Dizer-lhe que ela só vai brincar 10minutos e depois terá de parar e tomar banho, será uma recomendação inútil. Ela não irá compreender e nem você entenderá porque ela não obedeceu.

Caso você queira que ela já comece a ter noção de tempo, deixe um relógio com ela de ponteiros grandes e lhe mostre como funciona o ponteiro maior. Ex: quando o ponteiro chegar aqui nessa posição, ou nesse número, você já pode parar de brincar…..

Com situações assim, a criança estará mais apta a entender o que você pede, e você evitará os desgastes e conflitos nessa fase.

A mente entre 7 e 8 anos

Aos sete anos, o padrão de pensamento da criança altera-se. Ela passa a utilizar hipóteses que lhe permite avaliar melhor o seu mundo, checando-o e assim, construindo-o de forma mais próxima à realidade.

Inicia-se, então, a construção de uma moral autônoma, a partir do questionamento do mundo adulto, representado por pais e professores e pela relação com outras crianças.

Estabelecem-se regras definidas e fixas, que também se estruturam nos jogos, que servirão de base para os relacionamentos sociais. Esses jogos começarão a se manifestar enquanto jogos de construção nos quais a criança, ao brincar, desenvolve e estimula a própria criatividade dentro de um contexto de realidade mais exato. A mesma característica pode ser observada também no desenho, que passa a representar de maneira cada vez mais exata a própria realidade, prendendo-se em aspectos formais.

Categorias físicas como espaço, tempo, peso, massa, formas, volume, são cada vez mais estruturadas, permitindo-lhe uma visão de mundo bastante precisa e concreta.

Nesta fase, a criança ainda não está pronta para pensar sobre hipóteses. Portanto, é comum a mãe dizer: “Não faça isso ou vai acontecer tal coisa”. É difícil para ela entender, e muito comum, a situação acabar com a famosa frase: “Eu não disse?”

Refira o passado para dar os exemplos, lembrando-a do que aconteceu anteriormente. Pensar sobre o passado é mais fácil para a criança.

Apesar de serem muito independentes, e terem um vocabulário maior, as frase mais “adultas” devem ser evitadas.

É comum ouvir de alguns pais : “Você deve respeitar os limites do seu amigo, etc..”

Imaginam que, este filho já está pronto para entender frases desse tipo. A criança precisa ouvir uma linguagem à altura dela, para entender exatamente o que os pais querem que ela faça.

Nessa idade que muitos querem saber como se faz os bebês. Caso a mãe se sinta constrangida em explicar, há excelentes livros sobre esse assunto. Ao terminar de ler, pergunte se ela entendeu tudo e deixe o livro com ela. Talvez ela tenha a curiosidade de folhear o livro, e depois lhe mostre que guardará o livro, juntamente, com outros no quarto dela. O livro é dela, e é provável que ela queira vê-lo novamente.

É uma fase em que a maioria dos meninos é rebelde com relação aos hábitos de higiene corporal. É melhor fazer uma triagem e ver o que realmente é importante. Se não querem pentear os cabelos, deixe-os, assim, de vez em quando. Escovar os dentes, não há escolha.

Como é uma fase de grande motricidade, geralmente, é confundido com hiperatividade.

Quando se machucam e sangram, acham que vão morrer e ficam assustados. Estão, simplesmente, mais sensíveis e por isso, se deve evitar que vejam filmes de terror. Às vezes, ficam mais impressionados e desejam dormir com os pais. É normal que eles imaginem que o filho está numa fase de regressão, pois geralmente já dormem sozinhos há muito tempo. Trata-se apenas, de uma fase mais sensível aos acontecimentos.

Essa é a fase de identificação sexual. As meninas copiam as mães e os meninos copiam os pais. É um período muito importante, pois o pai que esteve meio ausente com o filho, e deixou as atividades e compromissos para a mãe, agora precisa estar presente e mais próximo deste filho. Este filho precisa observar melhor o comportamento deste pai, o gosto e preferências masculinas, e assim fortalecerá a sua identificação.

Manter as roupas em ordem é muito difícil para eles, por isso evite o desgaste de exigir limpeza e ordem no quarto. É preferível vê-los assim; já que este comportamento é normal nesta fase, a vê-los muito ordenados e preocupados com limpeza, o que pode ocasionar traços obsessivos.

Como são instáveis, passam um mês fazendo determinada atividade, logo se cansam e já querem outra. Essa variedade de esportes e atividades é importante para diversificarem. Tenha paciência com essa troca constante.

É uma fase onde as informações são tão diversas e a vontade de viver e fazer coisas diferentes é tão intensa que, não querem dormir cedo. O sono seria uma perda de tempo. É importante que haja um pouco de flexibilidade dos pais nessa fase.

A mente entre 9 e 11 anos

O senso crítico nessa idade está mais acentuado, portanto, os pais precisam ser coerentes com as punições e recompensas para não confundir a cabeça da criança.

Nesse período o grupo de amigos precisa ser mais expandido além do grupo da escola.

Como são mais críticos em relação aos outros e críticos consigo mesmos, a tendência é se sentirem cobrados quando não fazem corretamente as tarefas.

Uma situação competitiva pode gerar tensão.

Estatisticamente, é a fase que mais sofrem acidentes sérios, pois a tentativa de se expandirem é liberada nos jogos violentos e nas correrias desenfreadas.

É um excelente momento para que os pais comecem a introduzir a mesada. Pois, é uma fase que pedem em demasia, então, já podem começar a ter noção do gasto com o dinheiro. Assim, quando a mesada terminar, saberão e entenderão bem os pais, quando os ouvirem dizer que o dinheiro deles acabou, e que agora, só no mês seguinte.

Aos 10 anos, a motricidade é mais tranqüila e a descarga de tensão aparece nos movimentos finos, como ao enrolarem os cabelos, enquanto fazem o dever ou mordem a bochecha.

O equilíbrio emocional é mais equilibrado, mais razoável, mas se desestabiliza aos 11 anos.

E, por que perdem um pouco desse equilíbrio?

Porque a individualidade já está mais definida e precisam de auto-afirmação; o que aparece numa atitude de rebeldia, de oposição, principalmente, em relação á mãe que é a figura mais próxima e quem mais dá as ordens.

O pensamento consciente já está quase pronto aos 12 anos, e o córtex cerebral que possibilita esse pensamento, já se completou.

Aos 11 anos, para as meninas, é importante já saber sobre a menstruação. Pois muitas já têm a menarca nessa idade.

A independência é bem maior. Os pais já começam a perceber sinais de uma adolescência nesses filhos que, já se autodenominam de pré-adolescentes.